quarta-feira, 14 de março de 2012

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

A crítica situação da Mata Atlântica, reduzida a 7,3% de sua cobertura original, fez com que a Apremavi iniciasse um projeto de recuperação de áreas degradadas. Este trabalho já tem 14 anos, com significativos resultados na conscientização da comunidade e também em áreas já reflorestadas. Recuperação de Áreas Degradadas A destruição das florestas em áreas de preservação permanente (matas ciliares) afeta diretamente a quantidade e qualidade da água e contribue para o agravamento das consequências de enchurradas e enchentes. O trabalho iniciado no momento da criação da Apremavi em 1987, teve um impulso maior a partir de 1994, com o apoio do FNMA-Fundo Nacional do Meio Ambiente, da Fundação Threshold dos Estados Unidos, da Fundação Oro Verde e da empresa Vitakraft da Alemanha, além da empresa Van Melle Brasil de Jundiaí-SP, inclui atividades de coleta de sementes, produção de mudas nativas e recuperação de matas ciliares. Em função da sua importância, damos preferência para ss florestas que margeiam os cursos d’água e nascentes, as quais são consideradas faixas de preservação permanente desde o advento do Código Florestal - Lei 4.77l de 1965. No entanto, nem proprietários de terra e nem autoridades de qualquer dos três poderes, nunca levaram a sério o teor da lei, muito menos a importância da manutenção e recuperação destas faixas florestais. Muitas catástrofes, inclusive com mortes no caso de enxurradas e enchentes, e milhões de dólares em prejuízos econômicos poderiam ter sido evitados no passado na região do Vale do Itajaí, e também prevenidos para o futuro com a simples observância das faixas mínimas de vegetação preconizadas na legislação. 1990 - Plantio de mata ciliar 1991 - Um ano depois o resultado aparece Desde 1994 a Apremavi já implantou 235 ha de reflorestamento com árvores nativas, das quais 84 ha de matas ciliares, 46 ha de outras áreas de preservação permanente e 105 ha de áreas degradadas, beneficiando diretamente 201 propriedades em 28 municípios. O trabalho começa com a coleta de sementes e a produção de mudas no Viveiro Jardim das Florestas. Atualmente o viveiro tem capacidade de produzir 400.000 mudas por ano, de 120 espécies diferentes de árvores nativas da Mata Atlântica, além de mudas de várias espécies de bromélias raras e endêmicas. Grande parte das mudas de árvores são plantadas em terras de pequenos agricultores e proprietários de terra da região. Desde 1994, já foram plantadas 435.000 árvores num total de235 ha. O excedente de mudas é comercializado para empresas, prefeituras e proprietários de terras. As árvores são plantadas em conjunto e em comum acordo com os proprietários, especialmente matas ciliares, ou seja áreas nas margens dos rios e nascentes e também em encostas com bastante declividade. O viveiro Jardim das Florestas recebe em média, mais de 1.500 visitantes por ano. Também são desenvolvidas atividades educativas com o objetivo de conscientizar os agricultores e proprietários de terra da importância de preservar e recuperar as florestas. Dentro do projeto foram produzidas duas cartilhas educativas: "Educação Ambiental - Que bicho é esse?" e "Mata Ciliar". Já em 1994 foi produzido o vídeo "Mata Ciliar" e realizados seminários e cursos de educação ambiental para professores, técnicos e agricultores sobre produção de mudas e reflorestamento, agricultura orgânica, poluição em geral e legislação ambiental. Nos próximos três anos a Apremavi pretende intensificar ainda mais os trabalhos e para tanto fixou como objetivo geral do projeto, promover a defesa, preservação e recuperação da Mata Atlântica na região do Vale do Itajaí em Santa Catarina, buscando a mobilização e participação social em atividades de educação ambiental, reflorestamento de áreas de preservação permanente e áreas degradadas, procurando melhorar as condições de vida dos pequenos agricultores e da população em geral. Objetivos específicos e metas para o período 1998 a 2001 Objetivos específicos Metas Proporcionar aos pequenos agricultores e proprietários de terra, conhecimentos e métodos para preservação e recuperação da Mata Atlântica, através da implantação de reflorestamentos com espécies nativas. - Produzir 400 mil mudas/ano (1.200.000 mudas em 3 anos) de pelo menos 60 espécies de árvores da Mata Atlântica. - Reflorestar com árvores nativas, pelo menos 100 ha/ano (300 ha em três anos) de áreas de matas ciliares, nascentes, encostas e outras áreas degradadas, com a participação direta dos proprietários. - Promover a coscientização da comunidade para a importância da fauna Promover o conhecimento e incentivar o debate entre os agricultores e proprietários de terra, sobre os problemas e conseqüências da destruição das florestas. - Capacitar proprietários de terra e técnicos sobre a importância da preservação das florestas primárias e recuperação e enriquecimento das florestas nativas secundárias (coleta de sementes, produção de mudas e reflorestamento com nativas). O viveiro está equipado com sistema de irrigação, geladeira para guarda de sementes, peneira e misturador automático de substrato, três abrigos protegidos de 140 m2, 300 m2 e 72m2, um galpão de alvenaria de 270 m2, uma sala de 60m2, garantindo a infraestrutura necessária à produção das mudas. O sistema usado é o de embalagens plásticas (saquinhos) e o substrato é preparado com terra, calcário, húmus e adubo orgânico. Não são utilizados adubos químicos e nem fungicidas e inseticidas químicos. A qualidade e a sanidade das mudas é garantida através da utilização de substrato de boa qualidade e com aplicação de adubos foliares orgânicos, quando necessário. Todos os plantios são feitos com a participação direta do proprietário, o qual deve preparar o terreno, cercando a área se for necessário, ajudar no plantio das árvores e fazer a manutenção e o replantio, caso necessário. A Apremavi faz os levantamentos iniciais, elabora o projeto técnico de reflorestamento e assina, juntamente com o proprietário, um contrato de compromisso mútuo, que permite a implantação do reflorestamento e o acompanhamento em caráter permanente. O proprietário paga um preço simbólico - aproximadamente 25% do custo de produção - pelas mudas, como forma de garantir que efetivamente valorize e cuide do reflorestamento. Os recursos revertem para melhorias e ampliações do viveiro de mudas. Sistema de plantio adotado pela Apremavi O sistema de plantio adotado varia de acordo com a topografia e a situação de degradação em que se encontra o solo. Quando a área a ser reflorestada encontra-se totalmente desprovida de vegetação e apresenta topografia não muito irregular usa-se o plantio em linhas com espaçamento de 2 x 2m entre linhas e plantas. Quando a topografia é muito irregular adota-se o plantio aleatório. Quando existe vegetação em estágio inicial de regeneração ou remanescentes arbóreos o plantio é feito em faixas com regeneração natural. A experiência de campo indica que, para obter o menor custo e melhor incremento do reflorestamento, deve-se utilizar o plantio simultâneo das espécies florestais nativas pioneiras, secundárias e clímax. Quando necessário, são realizadas roçadas dos capins e arbustos nas linhas de plantio. Nas entrelinhas fica a regeneração espontânea sem intervenção. Desta forma garante-se a sucessão vegetal a partir das espécies e sementes já localizadas na área, e uma introdução de espécies ausentes a partir de mudas. A vegetação das entrelinhas ajuda a garantir uma dispersão de sementes de espécies pioneiras, sombra para as espécies secundárias e clímax introduzidas, redução da evapotranspiração pela diminuição do vento, e alimentação às abelhas. Para implantar um reflorestamento são seguidos os seguintes passos: 1 - Impedir o acesso de gado bovino, eqüinos e outros animais à área a ser reflorestada. 2 - Controle de formigas cortadeiras com a localização dos ninhos e sua destruição. 3 - Roçada dos capins e arbustos nas faixas de cultivo para o plantio. 4 - Coveamento, aplicação e incorporação de adubo orgânico (opcional a critério do proprietário), plantio das mudas florestais nativas e estaqueamento das mudas (estaqueamento é opcional a critério do proprietário, a prática facilita a manutenção do reflorestamento). 5 - Coroamento (capina ao redor) das mudas pelo menos 2 vezes no primeiro ano e sempre que necessário, a partir do segundo ano. 6 - Roçadas nas faixas de cultivo sempre que necessário, especialmente nos três primeiros anos. 7 - Replantio das mudas no início do segundo ano. As roçadas, capinas de manutenção e controle de formigas, devem ser realizados até o terceiro ano do plantio, pois a partir deste momento as intervenções são ocasionais. Os reflorestamentos efetuados são acompanhados através de visitas de vistoria para verificar o desenvolvimento das árvores plantadas. Nestes 10 anos de atividades, a Apremavi acumulou experiência em coleta de sementes, produção de mudas e reflorestamento com espécies nativas da Mata Atlântica e também em agricultura orgânica. Por outro lado, existe uma grande carência por parte dos agricultores e mesmo técnicos nestas atividades. Para difundir esta experiência são realizados cursos de capacitação, junto ao Viveiro Jardim das Florestas, os quais incluem discussões teóricas e atividades de campo.

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